De volta à campanha: o governador de São Paulo voltou a insinuar abertamente que pode disputar o Planalto Copyright Reprodução/Instagram |
Tarcísio volta a articular Planalto, mas quer decidir só em março

Tarcísio volta a articular Planalto, mas quer decidir só em março

Governador de São Paulo estava retraído e agora voltou a se animar com as derrapadas recentes de Lula; acha que estratégia depende de Bolsonaro concordar em anunciar apoio só em meados de 2026

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a achar que a eleição para o Palácio do Planalto está aberta e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não é mais o favorito disparado. A nova análise se dá depois de alguns meses de recuo, quando a avaliação do chefe do Palácio dos Bandeirantes era que o petista estava ficando quase imbatível.

Teve o tarifaço de Donald Trump (Partido Republicano), a atuação da família Bolsonaro nos EUA apoiando taxas mais altas contra o Brasil e muitas decisões do Congresso (com o apoio do Centrão) que liberaram bilhões de reais para Lula gastar em 2025 e 2026. Tarcísio se desanimou. Agora, está pensando de forma um pouco diferente.

O que pesou nessa mudança de análise? A quem o procura, Tarcísio diz:

  • rejeição a Lula - o petista até havia melhorado um pouco a taxa de aprovação, mas a rejeição segue acima de 50% em quase todas as pesquisas;
  • fadiga de material - isso ficou mais evidente, para o governador de São Paulo, quando o presidente formulou a frase na qual afirmou que "traficantes" são vítimas de consumidores de drogas;
  • segurança pública - o debate sobre esse tema não deve refluir, na avaliação de Tarcísio. E "Lula não tem discurso quando esse é o assunto", repete o governador a vários interlocutores; acha que a direita sai na frente e isso ajuda na eleição de 2026;
  • efeito limitado do dinheiro público - apesar de Lula ter acelerado com projetos que colocam mais dinheiro no bolso de eleitores pobres e de classe média remediada, Tarcísio avalia que o efeito acaba sendo limitado; se fosse algo infalível, o petista não teria sentido um freio na melhora de suas taxas de aprovação;
  • união da direita - os 4 governadores que postulam o Planalto têm conversado com frequência; há sintonia entre Tarcísio, Romeu Zema (Novo), de Minas, Ratinho Junior (PSD), do Paraná, e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás; todos querem ser candidatos; cogitam até de o grupo ter mais de uma candidatura; mas a decisão será tomada pensando em maximizar a chance de vitória em 2026.

O "timing" de Tarcísio é diferente do que vários estrategistas na direita gostariam. Ele acredita que o melhor é esticar ao máximo a decisão. Ou seja, deixar tudo para ser decidido lá para o final de março de 2026, faltando poucos dias para a data de se desincompatibilizar do cargo de governador -se desistir da reeleição e for concorrer ao mesmo Planalto.

Quando se trata do mercado financeiro abrigado na av. Faria Lima em São Paulo, há uma esperança de que Tarcísio tome a decisão na virada do ano. Os banqueiros e operadores em geral acham que isso daria mais previsibilidade à disputa. Mas o governador não quer adotar essa estratégia.

BOLSONARO COMO ÂNCORA

Uma coisa que Tarcísio não fará é se distanciar de Jair Bolsonaro (PL). O governador tem sincera gratidão pelo ex-presidente, que o lançou na política eleitoral em 2022, na disputa vitoriosa pelo Palácio dos Bandeirantes.

Mesmo preso -em regime domiciliar desde 4 de agosto-, o ex-presidente vai exercer forte influência na disputa de 2026, na opinião de Tarcísio. O governador vai visitar Bolsonaro em Brasília em 10 de dezembro. Pretende mais ouvir do que falar. Se indagado, dirá que é melhor que o endosso a algum candidato para representar o bolsonarismo seja só em março de 2026.

Um sinal público e explícito de que Tarcísio está com uma avaliação de conjuntura diferente daquela que tinha 2 ou 3 meses atrás apareceu no domingo (16.nov.2025), em um post no seu perfil no X. Disse abertamente que o Brasil precisa "trocar de CEO".