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O YouTube está virando a nova televisão

O YouTube está virando a nova televisão

  • Mais gente assiste à plataforma no aparelho hoje nos EUA do que assiste a canais abertos
  • No Brasil, última Pnad mostrou que 53,5% acessaram a internet por meio da TV

O YouTube está virando a nova TV. Em fevereiro de 2025 a plataforma comemorou dois anos como o streaming mais visto nos EUA. No mesmo mês conseguiu um feito notável: tornou-se o maior provedor de conteúdo audiovisual, mesmo comparado com a televisão, o cabo e o streaming.

E mais importante: o lugar onde o YouTube é mais acessado hoje não é mais o celular nem o computador. É o aparelho de TV. Mais gente assiste ao YouTube na televisão hoje nos EUA do que assiste a canais abertos.

Essa mudança traz consigo um abalo sísmico na publicidade. Anunciar na TV virou anunciar no YouTube nos EUA. Marcas estão gastando a maior parte do seu orçamento para o YouTube em anúncios veiculados quando o usuário está assistindo a vídeos na TV.

Inclusive, o YouTube criou "breaks" especiais quando é visto pela televisão. Isso inclui anúncios quando conteúdo é pausado ("pause-vertising") e também publicidades mais longas que não permitem pular nem avançar.

Uma das razões desse sucesso na TV é o conteúdo (já vou falar sobre isso). Mas a razão principal é uma estratégia muito bem desenhada de realizar acordos com fabricantes de TVs para incluir o aplicativo do YouTube diretamente nos aparelhos de todo o planeta. É como se o YouTube viesse "de fábrica".

O sucesso dessa ação foi tão grande que agora há uma disputa para povoar as TVs com outros aplicativos "de fábrica". O aparelho que antes era usado só para canais de TV e de cabo agora virou um território de disputa.

Por exemplo, a Meta está trabalhando para colocar o Instagram nos aparelhos, com conteúdo do Reels. O TikTok está fazendo o mesmo, para que seus vídeos curtos sejam assistidos também nas salas de TV.

Com relação ao conteúdo, o YouTube construiu um império silencioso nos últimos anos. A plataforma tem hits globais como o MrBeast ou o IShowSpeed, dentre outros. E tem também hits locais muito bem articulados, como a CazéTV, com audiência de milhões de pessoas.

Esse alcance todo só é possível por causa da infraestrutura fornecida pelo Google: servidores, redes de distribuição de conteúdo em todo o Brasil, plataforma de monetização e de anúncios digitais, recomendação pelo algoritmo, e assim por diante.

Essas mudanças foram capturadas no Brasil pela última Pnad. O percentual de pessoas que "acessaram a internet" por meio do aparelho de TV subiu de 11,3% em 2016, para 53,5% em 2024. Por "acessar a internet" entenda-se justamente assistir a serviços de streaming, incluindo o YouTube, pela TV. Já o acesso à rede pelo computador caiu de 63,2% para 33,4% no mesmo período.

Nas palavras do CEO da empresa, Neal Mohan: "Em apenas duas décadas o YouTube mudou totalmente a forma como assistimos e criamos entretenimento. Tornou-se o epicentro da cultura. E a carreira dos sonhos para milhões de pessoas no mundo todo".

Milhões é pura modéstia. Só nos EUA, 54% das pessoas entre 18 e 60 anos afirmam que largariam seus empregos se pudessem viver como criadores de conteúdo em tempo integral. Não me surpreenderia com números similares no Brasil.

READER
Já era Comércio só físico

Já é Ecommerce

Já vem A-Commerce (Agentic Commerce, comércio por meio de agentes de IA)

Folha de S.Paulo
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ronaldolemos/2025/10/o-youtube-esta-virando-a-nova-televisao.shtml