Beyond the Club tem investimento de mais de R$ 1 bi e previsão de entrega para próximos meses Foto: |
Novos clubes de lazer chegam a São Paulo com títulos de até R$ 1 milhão e vagas limitadas

Novos clubes de lazer chegam a São Paulo com títulos de até R$ 1 milhão e vagas limitadas

Praias de ondas, hotéis e esportes: como funciona o novo símbolo do alto padrão em SP


Por Breno Damascena

Novos clubes de alto padrão começam a surgir em São Paulo com a promessa de serem refúgios de bem-estar nas redondezas da Faria Lima, mas também uma confraria da elite paulistana. Impulsionados por grandes incorporadoras e investimentos bilionários, esses espaços se destacam pelas praias artificiais, complexos esportivos e um filtro de entrada que chega a quase R$ 1 milhão.

Com entrega prevista para outubro, o Beyond the Club ocupa um terreno de 70 mil metros quadrados com uma praia artificial de 28 mil m² e uma piscina que cria mais de 900 ondas por hora. O espaço, localizado em Santo Amaro, também abrigará quadras de areia, quadras de tênis, campos de futebol, um ginásio poliesportivo, um SPA e uma academia de 2.200 m².

Além da estrutura para mais de 45 modalidades esportivas, um teatro e restaurantes, o clube quer chamar atenção pela exclusividade. Apenas 3 mil títulos familiares foram disponibilizados para venda.

"Em uma região com 21 milhões de habitantes, este número gera uma escassez e ajuda a dar rentabilidade para o investidor", explica Oscar Segall, CEO da KSM Realty, empresa à frente do projeto, que também tem o surfista Gabriel Medina como um dos sócios.

"Se a gente disponibilizasse mil títulos, teríamos de vender muito mais caro e a mensalidade seria alta. Se tivesse 7 mil títulos, não existiria escassez", justifica o executivo.

Focado em um público de classe média alta e alta renda, o Beyond the Club ainda tem 1.300 títulos à venda, atualmente ao custo de R$ 770 mil. Na época do lançamento, os títulos foram vendidos a R$ 450 mil.

A aprovação dos compradores é baseada na capacidade financeira e na avaliação de antecedentes criminais, porém o estatuto já prevê que no futuro apenas candidatos com indicações de associados e aprovação do Conselho Diretor serão permitidos - assim como acontece em clubes tradicionais da cidade, como Pinheiros, Hebraica e Paulistano.



Enquanto os clubes tradicionais carregam uma identidade cultural e tentam conservar uma tradição familiar, com títulos geracionais, os novos clubes de alto padrão de São Paulo têm uma característica menos patrimonial, com entrada menos restritiva, mas geralmente mais cara. Se nos clubes históricos o prestígio vinha da tradição, nos novos ele se reforça pela sensação de raridade e pelo consumo de luxo. Em ambos, a exclusividade e a diferenciação social são aspectos definitivos.

No Beyond The Club, um dos chamarizes é um hotel com 74 quartos em que os membros poderão se hospedar e a perspectiva de novas iniciativas lançadas nos próximos anos. "Já estamos prospectando para lançar clubes em Brasília, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Miami e Califórnia. A nossa ideia é que no futuro um 'beyonder' possa se hospedar em qualquer filial do mundo", diz Segall.

O primeiro teste do executivo foi com a construção de uma praia artificial dentro da Fazenda da Grama, em Itupeva. "Eu sonhava com este tipo de projeto quando era pequeno. É uma mistura de entusiasmo pessoal e visão profissional", argumenta.

O Beyond The Club não é o único empreendimento com o propósito de trazer a praia para São Paulo com entrega prevista para este ano.

O São Paulo Surf Club, com previsão para o segundo semestre deste ano, terá morada em um terreno de 25 mil metros quadrados em frente à Ponte Estaiada, no Complexo Cidade Jardim, na zona sul de São Paulo. O empreendimento é encabeçado pela JHSF, incorporadora responsável pelo Shopping Cidade Jardim, Fazenda Boa Vista e o Fasano Fifth Avenue.

Foto da praia artificial com ponte estaiada ao fundo. Foto: Bruno Fioravanti/Divulgação JFHS
São Paulo Surf Club é desenvolvido pela JHSF, companhia com diversos projetos relevantes em São Paulo Foto:

A piscina com 220 metros de comprimento vai dividir espaço com quadras de tênis e areia, spa, restaurantes e uma academia. "São Paulo é a cidade sem praia com o maior número de praticantes de surf do mundo. O clube foi concebido para oferecer uma solução a isso, garantindo ondas perfeitas", contextualiza Augusto Martins, CEO da JHSF.

Voltado para o público de alta renda, o São Paulo Surf Club é de uso exclusivo para membros com o membership individual, que custa aproximadamente 750 mil reais. A versão familiar tem valores em torno de 1 milhão. O membro também paga uma taxa anual de aproximadamente R$ 25 mil - cerca de R$ 2 mil por mês.

A entrada de todos os membros acontece mediante aprovação da administração do clube. "Estamos muito otimistas com o negócio. Há demanda dos paulistanos por espaços para práticas esportivas ao ar livre na cidade", comenta.

Clube para criativos e viajantes

Nem só em praias artificiais surfam os novos clubes de alto padrão que estão surgindo em São Paulo. A Soho House inaugurou, em 2024, uma filial no Cidade Matarazzo, edifício histórico localizado a poucos passos da Avenida Paulista. Ao invés da orla, a Soho House São Paulo oferece 32 quartos, restaurante, bar e espaços exclusivos para membros.

Foto da arquitetura interna do Soho House, clube de alto padrão em São Paulo. Foto: Christopher Sturman/Divulgação Soho House
Soho House está instalada no Cidade Matarazzo, edifício histórico no centro de SP Foto: Christopher Sturman/Divulgação Soho House

A instituição nascida em Londres se descreve como um clube para criativos e deixa disponível aos associados uma série de espaços em que eles podem trabalhar, promover encontros, tomar drinks, almoçar pratos de um chef ou jogar sinuca com convidados. O empreendimento também se orgulha da coleção de arte com obras assinadas por mais de 60 artistas e do restaurante no terraço.

Existem dois tipos de associações disponíveis na Soho House: o Every House dá acesso a todas as mais de 40 unidades Soho House espalhadas pelo mundo e custa R$ 21,5 mil por ano. Já a associação Local House, exclusiva para a unidade de São Paulo, custa R$ 8,5 mil. Para candidatos com menos de 27 anos, a associação global custa R$ 9,3 mil e a local custa R$ 5,4 mil.

A proposta de ser um clube exclusivo também é a base do Resid Club & Hotels, projeto que oferece aos membros a possibilidade de se hospedar em hotéis ao redor do mundo, além de realizar workshops, promover eventos e criar experiências culturais e gastronômicas. O hotel Nas Rocas, em construção em Búzios, no Rio de Janeiro, é o grande chamariz do clube atualmente.

Foto de projeção de como será Nas Rocas Club. Praia e bangalôs vistos de cima. Foto: Divulgação Resid Club & Hotels
Primeira fase do Nas Rocas Club, hotel desenvolvido pela Resid Club & Hotels, será entregue em 2026 Foto: Divulgação Resid Club & Hotels

Cercado por praias privadas, o hotel terá a primeira fase entregue em março de 2026 e disponibilizará espaços para a prática de esportes como vela, mergulho e surf. Com bares e restaurantes, a gastronomia é assinada pelo chef Alex Atala, sócio da marca.

A expectativa é que novos hotéis sejam inaugurados em Fernando de Noronha, Trancoso, Paraty e Amazônia nos próximos anos.

"Os acionistas do Resid têm mais de 2 mil unidades hoteleiras em operação", contextualiza Paulo Henrique Barbosa, CEO do Resid Club & Hotels. "Além disso, temos o Resid Bar, no coração do Jardins em São Paulo, e desde 2024 oferecemos experiências com Cartier, Ferragamo, Montblanc e um encontro dos chefs Alex Atala e Massimo Bottura", acrescenta.

Estadão
https://www.estadao.com.br/economia/novos-clubes-lazer-sao-paulo-titulos-1-milhao-vagas-limitadas/