Por Bela Megale
Os próximos 30 dias serão decisivos nas articulações envolvendo os interesses do presidente Lula, do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e de seus aliados em Minas Gerais. Em 12 de setembro, o ministro Luís Roberto Barroso encerra seu mandato na Presidência do Supremo Tribunal Federal (STF). Com o término, há rumores de que Barroso avalia a possibilidade de antecipar sua aposentadoria, prevista apenas para 2032. Seja qual for sua decisão, ela terá reflexos no cenário eleitoral mineiro de 2026.
Caso opte pela aposentadoria, Barroso abrirá uma vaga no Supremo. A indicação do sucessor cabe a Lula. Entre os cotados para uma eventual vaga na corte despontam o advogado-geral da União, Jorge Messias, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas e o próprio presidente do TCU, ministro Vital do Rêgo. O nome de Pacheco, que passou a ter maior proximidade com Lula desde a eleição do presidente e das ações envolvendo a defesa da democracia, passou a ganhar fôlego. Mesmo assim, a relação do senador com Lula ainda é considerada recente por aliados do presidente, que avaliam que ele teria mais conforto em indicar um nome mais próximo, da sua inteira confiança, caso a aposentadoria de Barroso se confirme.
Ainda há dúvida no STF e no governo se o ministro optaria por esse plano diante das pressões de Donald Trump sobre os magistrados e o tribunal. No mês passado, os EUA suspenderam os vistos de ministros do Supremo após o ministro Alexandre de Moraes determinar que Jair Bolsonaro usasse tornozeleira eletrônica.
Entre os principais defensores do nome de Pacheco para o STF está o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Interlocutores de Alcolumbre afirmam que ele já sinalizou a Lula o apoio. Pacheco foi o principal fiador da eleição de Alcolumbre para a Presidência do Senado. O senador mineiro também conta com a simpatia de ministros como Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes, pela sua atuação em defesa do STF em meio a ataques da extrema direita e às eleições de 2022.
Hoje, porém, Lula tem deixado claro que tem planos para o senador mineiro em 2026 na esfera eleitoral. Pacheco é visto como a principal opção do presidente para a disputa ao governo de Minas Gerais. Como informou a coluna, o petista já disse em entrevistas e discursos que o parlamentar será o seu candidato, se aceitar o desafio.
Lula considera importante ter um candidato competitivo em Minas que possa lhe dar um palanque forte, ajudá-lo a assegurar a reeleição e levar também um nome ao Senado alinhado ao seu campo.
A interlocutores, Lula já até revelou que ocupar uma vaga no STF seria um desejo de Pacheco, em razão de seu histórico no mundo jurídico e na Presidência do Congresso, por dois mandatos consecutivos. Ao mesmo tempo, o presidente tem recorrido a uma frase para convencer Pacheco a subir no palanque mineiro: "quem não vence em Minas não vence no Brasil. E a candidatura de Pacheco deixou de ser um desejo, transformou-se numa causa".
O Globo
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