São Paulo é o município com maior número absoluto de clientes sem energia
A Enel, concessionária responsável pela maior parte dos municípios do Estado, não deu prazo para o restabelecimento completo da energia em São Paulo, após o vendaval de quase 100 km/h que deixou mais de 2 milhões de imóveis sem luz. Segundo informações do jornal O Globo, a empresa atribuiu o apagão ao impacto de um ciclone extratropical e a um vendaval considerado histórico, que perdurou por cerca de 12 horas.
A concessionária considerou o efeito climático como severo, com rajadas de vento derrubando árvores e lançando galhos e objetos sobre a rede elétrica. "Trechos inteiros da rede foram danificados, impactando o fornecimento de energia em diversos pontos", informou, segundo a reportagem.
A empresa afirma ter mobilizado mais de 1.500 equipes ao longo de quarta-feira para atuar no restabelecimento. Até as 5h desta quinta-feira, segundo a companhia, mais de 500 mil clientes tiveram o fornecimento normalizado. "No momento, há 1,5 milhão de clientes impactados."
Por causa da falta de energia, o abastecimento de água está comprometido em parte de São Paulo e em algumas cidades da região metropolitana. A falta de eletricidade impede o bombeamento da água, conforme a Sabesp.
Em entrevista ao Bom Dia São Paulo, o diretor da Enel São Paulo Marcelo Puertas afirmou que, "diferente das outras crises, onde chove, demora duas três horas de chuva e vento e para, a gente teve ventos ao longo do dia de ontem de 97 km/h. Não foi um vento que entrou e parou, foi um vento constante".
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), anunciou nesta quinta-feira o cancelamento de agenda prevista em Brasília para permanecer na capital paulista e acompanhar as operações para restabelecer o fornecimento de energia na cidade, que é atingida por uma ventania pelo segundo dia seguido.
São Paulo é o município com maior número absoluto de clientes sem energia: são 1.025.496 unidades afetadas, o equivalente a 17,67% do total, segundo dados da própria Enel. Na região metropolitana, há cidades proporcionalmente ainda mais atingidas. Embu-Guaçu, por exemplo, tem 61,89% dos imóveis sem luz - 14.158 de um total de 22.874 clientes. Cotia também aparece entre os municípios mais afetados, com 47,41% de interrupção (67.105 clientes).
As interrupções também afetaram o sistema de tráfego da capital. De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), pela manhã, eram 235 semáforos apagados na cidade.
O Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, e o Aeroporto de Congonhas, na capital, já somam 344 voos cancelados entre quarta-feira e a manhã desta quinta-feira, após vendaval histórico. Só nesta quinta, foram cem voos nesta situação.
Segundo matéria do Valor, o diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Fernando Mosna, exigiu que a Enel Distribuição São Paulo apresente, em até cinco dias, esclarecimentos detalhados sobre sua atuação durante o apagão causado por um vendaval na quarta-feira. O pedido está formalizado no Ofício nº 14/2025, que afirma que o evento teve impacto "de semelhante magnitude" aos grandes temporais que provocaram blecautes massivos em 2023 e 2024.
"A constante recorrência e a gravidade das falhas na prestação do serviço constituem descumprimento de cláusulas contratuais e dispositivos legais e regulamentares, podendo ensejar a recomendação de caducidade da concessão, conforme artigo 20 da Resolução Normativa Aneel nº 846/2019, situação já formalmente intimada à Enel", diz o documento.
Valor
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2025/12/11/enel-diz-que-ainda-no-h-previso-para-restabelecimento-total-da-energia-em-sp-diz-jornal.ghtml





