O advogado-geral da União, Jorge Messias | Foto: José Cruz/Agência Brasil |
'Tempo oportuno' para Jorge Messias é em fevereiro, por Tales Faria

'Tempo oportuno' para Jorge Messias é em fevereiro, por Tales Faria

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) disse em nota nesta segunda-feira, 24, que será votada "no tempo oportuno" a sabatina dos senadores com o advogado-geral da União, Jorge Messias, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

O uso de uma expressão tão protocolar na nota - que foi emitida como resposta a uma outra nota em que Messias o elogiava - foi interpretada como uma demonstração de frieza e desagrado.

O presidente do Senado está irritado com o governo desde que Lula preteriu o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga e indicou Messias.

Alcolumbre fez campanha aberta pela escolha de Pacheco. Ele reclama nos bastidores de não ter sido avisado antecipadamente do dia em que o presidente anunciou sua opção, a última quinta-feira,20. Desconfia de que o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), trabalhou contra Pacheco, mas Wagner nega.

O líder diz que, pessoalmente, considera Pacheco um ótima nome, assim como Messias. E que, na verdade, o que houve foi "apenas um problema de comunicação", mas que agora é hora de trabalhar pela campanha do advogado-geral a fim de obter votos dos senadores em favor de sua nomeação no STF.

Wagner acredita que Lula vai trabalhar pessoalmente pela aprovação de Messias no Senado e que chamará o próprio Alcolumbre para desfazer o "mal entendido".

Wagner calcula que, com tantas matérias a serem votadas pelo Senado neste final de ano, dificilmente a sessão de aprovação (ou recusa) de Messias para o STF ocorrerá em dezembro. Sendo assim, o Congresso entrará em recesso e só volta a funcionar em fevereiro, quando pode haver a sabatina se Alcolumbre não resolver apressar.

Na verdade, para o governo quanto mais tempo, melhor para a campanha. O advogado-geral da União quer bater falar com todos senadores para pedir votos.

O presidente Lula também compartilha da ideia de que houve apenas um "problema de comunicação" que poderá ser solucionado com uma conversa com Alcolumbre.

No entanto, Lula não gosta de ser empurrado contra a parede. Ele quer evitar que isso ocorra com Alcolumbre. Embora pretenda chamar o presidente do Senado para uma conversa, não gostaria de sofrer uma recusa pública.

De volta nesta terça-feira, 25, de sua viagem à África, Lula começará os contatos para superar o problema. O apoio do presidente do Senado é considerado fundamental, mas dentro do que o presidente costuma chamar de "sem dobrar a espinha".

Especialmente agora que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou rompimento com o líder do PT na Casa, Lindbergh Farias (RJ), o Palácio acha que precisa restabelecer uma boa relação com o presidente do Senado.

O caso do presidente da Câmara é considerado mais difícil na medida em que Hugo Motta está sendo classificado no Palácio como um deputado "praticamente de oposição ".

Motta era tratado como um aliado do governo. Mas surpreendeu desde que assumiu o comando da Câmara. Pautou a derrubada do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) contra a vontade do governo, assim como quando aprovou uma emenda constitucional que obrigava a Justiça a consultar o Congresso antes da abertura de ações penais contra parlamentares.

"Nas eleições de 2026, o Motta atuará contra o governo, já o Alcolumbre, não", disse um petista à coluna.

Correio da Manhã
https://www.correiodamanha.com.br/colunistas/tales-faria/2025/11/235488-tempo-oportuno-para-jorge-messias-e-em-fevereiro.html