O assessor internacional de Lula, Celso Amorim - Foto: Cristiano Mariz |
'Temos que defender a América do Sul', diz Amorim em relação à mobilização militar dos EUA no Caribe

'Temos que defender a América do Sul', diz Amorim em relação à mobilização militar dos EUA no Caribe

O assessor especial para assuntos internacionais do Palácio do Planalto destacou que qualquer tipo de intervenção na América do Sul é 'praticamente na nossa fronteira'


Em meio à escalada da crise militar entre Estados Unidos e Venezuela e a ampliação das ações militares americanas no Caribe e no Pacifico, o assessor especial para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Celso Amorim, declarou que "temos que defender a América do Sul" e disse que quaisquer possíveis ataques ou conflitos em território sul-americano são "praticamente na nossa fronteira". Amorim reforçou a posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pretende intensificar o tom de preocupação com as manobras militares na região.

Em conversa com jornalistas durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), Amorim foi questionado se considera que o posicionamento crítico de Lula sobre uma suposta interferência dos EUA na Venezuela não atrapalharia o papel de moderador que o Brasil gostaria de ter neste contexto.

- Nós temos que defender a América do Sul, gente. Nós vivemos aqui. O Brasil tem fronteiras com dez países da América do Sul. - Nós não estamos discutindo uma coisa distante que você pode discutir por razões humanitárias, ou políticas ou geopolíticas. Nós estamos discutindo uma coisa que é na nossa fronteira, praticamente. É natural afirmou Amorim em declaração a jornalistas.

Recentemente, Lula decidiu mudar sua agenda para viajar à Colômbia nesta sexta-feira para participar da cúpula dos países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) com a União Europeia para expressar "solidariedade regional" à Venezuela, segundo confirmou o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

Entenda a preocupação

Poucos meses após declarar cartéis de droga como "organizações terroristas" no início de seu segundo mandato, o presidente americano, Donald Trump, acusou o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, publicamente de liderar grupos de narcotraficantes internacionais. A partir de então, os EUA começaram a enviar embarcações e aeronaves de guerra para o Caribe, próximo à costa da Venezuela, com a justificativa de que os deslocamentos militares fazem parte de uma operação de combate ao narcotráfico, questão que alcançou o status de "assunto de segurança nacional" no segundo mandato de Trump. Os ataques a barcos de supostos traficantes na região - e posteriormente também no Pacífico - deram sequência ao avanço militar americano na região e já provocaram mais de 60 mortes.

Desde o início da escalada de tensão com o governo americano, Maduro responde as acusações de narcoterrorismo para se posicionar como defensor contra as "forças imperialistas dos EUA", alegando que os ataques são uma tentativa de provocar a mudança de regime na Venezuela.

Nos últimos meses, desde que o governo Trump passou a enviar meios militares ao Caribe, Maduro tentou responder à ameaça de ofensiva americana com exercícios militares e treinamentos armados para civis. Em outubro, após Trump confirmar durante uma entrevista coletiva na Casa Branca que autorizou a Agência Central de Inteligência (CIA) a conduzir ações secretas na Venezuela, Maduro condenou horas depois os "golpes de Estado orquestrados pela CIA" na América Latina.

Alguns dias depois, Caracas afirmou que havia "desmantelado célula criminosa" patrocinada pela agência americana realizaria ataque ao contratorpedeiro USS Gravely, da Marinha dos EUA, para dissimular ataque venezuelano e justificar ação militar direta de Washington.

O Globo
https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2025/11/06/temos-que-defender-a-america-do-sul-diz-amorim-em-relacao-a-mobilizacao-militar-dos-eua-no-caribe.ghtml