Por Guilherme Marconi - São Paulo

O Ministério Público de São Paulo constatou que o auditor fiscal Artur Gomes Silva Neto constitui ao menos quatro offshores e lavava dinheiro de propina em paraísos fiscais, entre eles a Suíça.

O servidor público da Secretaria de Fazenda do Estado era o principal operador do esquema de propina em troca de liberação de créditos de ICMS para empresas como Ultrafarma e Fast Shop. Ele foi exonerado na semana passada.

O promotor de Justiça, Roberto Bodini, se debruça na análise da farta documentação que demostra que o esquema tinha diversas ramificações na lavagem de dinheiro, incluindo a criação de bancos digitais sem registro oficial no Banco Central.

"Os valores, para a nossa realidade, são tão irreais, fogem tanto à realidade de qualquer funcionário público ou de alguma pessoa que tenha uma atividade lícita, que isso é espantoso. A gente não sabe nem mesmo se tudo aquilo que está reportado nos documentos de fato são reais. Os documentos estão apreendidos, as movimentações eu posso assegurar que saltam aos olhos, porque são milhões para lá, milhões para cá, milhões enviados, milhões recebidos", descreveu.
O auditor fiscal abriu empresas em nome da mãe dele, uma professora aposentada, Kimio Misukami da Silva. O servidor tinha como principal sócio, o lobista Celso Éder Araújo também preso no dia 12 deste mês. Na casa dele foram pacotes de esmeraldas, R$ 1,2 milhão e criptomoedas.

O MP também passou a compartilhar provas com a Polícia Federal ao descobrir indícios que a dupla oferecia outros benefícios fiscais junto à Receita Federal.

Em outra frente, o MP paulista descobriu a participação de outros seis auditores da Fazenda estadual. Eles ainda não são investigados criminalmente, mas foram afastados dos cargos ontem pelo governo do Estado.

Os auditores da receita estadual aparecem em documentos apreendidos na casa de uma contadora contratada pelo auditor Artur Gomes da Silva Filho.

O governador Tarcisio de Freitas gravou um vídeo nesta terça-feira afirmando que não há espaço para impunidade e disse ter aberto 20 apurações preliminares voltadas à análise da evolução patrimonial dos servidores.

CBN
https://cbn.globo.com/programas/cbn-sao-paulo/noticia/2025/08/26/fiscal-investigado-por-beneficiar-ultrafarma-abriu-offshore-na-suica-aponta-mp-sp.ghtml