Ações do ministro preenchem o vácuo criado pela ausência de opções naturais do PT para a disputa do Palácio dos Bandeirantes
Beto Bombig
O ex-governador Márcio França (PSB), ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, ganhou força política nos últimos dias para ser o candidato do presidente Lula (PT) ao governo de São Paulo em 2026.
Com uma série de postagens em redes sociais que tiveram o aval de Lula, França tem feito críticas à postura do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) na crise gerada pelo tarifaço de Donald Trump, presidente dos EUA.
Independentemente da abrangência, essas ações do ministro preenchem o vácuo criado pela ausência de opções naturais do PT para a disputa do Palácio dos Bandeirantes no ano que vem.
Por ora, é possível dizer que a "solução França", como diz um aliado do ministro, resolve alguns problemas do campo da centro-esquerda em São Paulo: cacifa o ministro para ser um contraponto ao governador, que estava "jogando solto"; diminui as especulações em torno da possibilidade de Geraldo Alckmin e Fernando Haddad deixaram a Esplanada em abril de 2026 para concorrerem ao governo como forma de fornecer um palanque forte a Lula.
Ainda que os vídeos postados por França estejam gerando boa repercussão, o fato mais relevante politicamente é que ele conquistou apoios importantes nas bancadas de deputados estaduais e federais do PT e agradou o Planalto. Sua movimentação nas redes conta ainda com a simpatia de Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. A avaliação na oposição ao governador Tarcísio é de que o tarifaço mostrou que ele não será um candidato imbatível se buscar a reeleição no ano que vem.
Desde o anúncio feito por Trump, Tarcísio tem oscilado entre manter-se fiel à família do ex-presidente Jair Bolsonaro, defensora das tarifas, e o interesse dos produtores paulistas, diretamente afetados pelas medidas impostas ao Brasil. É justamente essa ambivalência que vem sendo explorada por França em suas postagens.
Em um cenário no qual França se confirma como candidato ao governo de São Paulo em 2026, o PT avalia indicar o vice da chapa e um dos nomes para o Senado, pois duas vagas estarão em disputa. Nos bastidores, os mais lembrados neste momento são os de Fernando Haddad, ministro da Fazenda, e de Marta Suplicy, ex-prefeita de São Paulo.logo-jota
JOTA
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