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Com vários credores, incluindo a chinesa Shein, Coteminas anuncia recuperação judicial

Com vários credores, incluindo a chinesa Shein, Coteminas anuncia recuperação judicial

Uma das maiores companhias têxteis do Brasil, a Coteminas anunciou sua entrada em recuperação judicial nesta quarta-feira, dia 8, com a divulgação de um comunicado oficial ao mercado. A lista de credores ainda está sob sigilo mas, de acordo com o jornal Valor, deve envolver pelo menos 12 bancos, como Bradesco, Banco do Brasil e Santander, entre outros.

A companhia pertence ao empresário mineiro Josué Gomes da Silva, que durante os últimos anos tentou negociar passivos e ampliar prazo de pagamentos de diferentes dívidas, que esbarravam no volume envolvido nas variadas negociações e na dificuldade de estruturar condições viáveis de retomada do negócio. Filho do fundador do grupo empresarial, o ex-presidente da República José de Alencar, Josué é atualmente presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).




Divulgação da Shein

Um dos credores tem recente relação com o grupo mineiro. É a Shein, gigante chinesa de comércio online de vestuário e acessórios, que fechou acordo com a Coteminas em 2023, após reuniões com Josué Gomes da Silva e um encontro com representantes do Governo Federal, no momento em que se negociava novas condições de importação pelos sites estrangeiros ao país.

A plataforma de comércio eletrônico chinesa emprestou US$ 20 milhões, cerca de R$ 100 milhões, para a Santanense, empresa de Josué Gomes, em julho do ano passado. Nesse acordo que envolveu as empresas brasileiras, chinesa e acompanhamento do governo, ficou estabelecido parceria com duas mil confecções da Coteminas do Rio Grande do Norte, para produção a ser destinada à venda no site da Shein. Depois da assinatura do memorando entre todos, o acordo não prosperou e nada mais foi divulgado sobre ele.

A Companhia de Tecidos Norte de Minas-Coteminas é controladora direta da Springs Global e indireta da CSA (Coteminas S.A.). A companhia Tecidos Santanense é controlada pela Coteminas. A Ammo é uma divisão de comércio presencial e online para produtos de cama, mesa e banho da Coteminas. O grupo também detém as marcas Artex, M. Martan, Casa Moyses e Santista.

Em março, IPO News publicou com exclusividade matéria sobre a desativação do departamento de criação da Coteminas na capital paulista e a demissão do pessoal da área. Na ocasião, a Ammo Varejo enviou nota de esclarecimento à redação informando que a área de criação da empresa continuava atuando normalmente.

Em 2023, a companhia já havia demitido os 700 funcionários da fábrica em Blumenau, em Santa Catarina.

Segundo a reportagem do Valor, o pedido de recuperação judicial da Coteminas e empresas a ela ligadas soma R$ 2 bilhões e tramita na 2º Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte. A companhia têxtil culpa a alta nas taxas de juros, a inflação e os ciclos econômicos curtos e voláteis do país para explicar a crise, que teria começado em 2008, quando houve uma forte valorização do dólar que afetou as exportações.