Claro traz 'big techs' para o universo das PMEs
Por Rodrigo Carro - De São Paulo
De olho no segmento de pequenas e médias empresas (PMEs), a Claro investiu este ano R$ 1 bilhão numa plataforma própria de computação em nuvem. A operadora também fechou parcerias com pesos-pesados do mercado de tecnologia - como Amazon Web Services (AWS), Oracle e Huawei - com o objetivo de oferecer serviços de tecnologia da informação tanto para governos e grandes corporações como a clientes de menor porte, inclusive startups.
Na esteira da ascensão das pequenas empresas de base tecnológica, a operadora controlada pela mexicana América Móvil criou em janeiro uma unidade específica para atender o segmento de PMEs. A mudança foi oficializada ao mercado no mesmo momento da alteração de nome da Embratel para Claro Empresas, em abril. A marca já existia, mas era parte da unidade de consumo da operadora.
"O surgimento dessa unidade vem de uma reflexão que a companhia fez ao longo dos últimos anos, especificamente em 2024, justamente entendendo que estamos vivendo uma revolução silenciosa no século XXI que é o crescimento das pequenas e médias empresas", diz Roberta Godoi, diretora-presidente da unidade de pequenas e médias empresas da companhia.
A executiva atribui essa "revolução silenciosa" no empreendedorismo a fatores como o interesse de gerações mais novas por empregos fora da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o crescimento da chamada "economia prateada" a partir do trabalho de empreendedores com 50 anos ou mais e a busca por negócios de maior impacto social. "Outro fator que tem sido super-relevante é essa ascensão dos negócios 'tech' [tecnológicos]: é fintech, agrotech, healthtech...", lista Roberta Godoi.
A nova plataforma de computação em nuvem não está disponível apenas para PMEs, mas atende também a uma estratégia de tentar "democratizar" serviços completos e personalizados que antes estavam disponíveis principalmente para grandes corporações.
A operadora fechou parcerias com empresas como Amazon Web Services (AWS), Oracle e Huawei
Em vez de tentar competir diretamente com as "big techs", a Claro adotou uma abordagem de venda de "software como serviço" (SaaS, na sigla em inglês). Reuniu em pacotes aplicações de cibersegurança, gestão de relacionamento com o cliente (CRM) e planejamento de recursos empresariais (ERP), entre outras, de fornecedores globais. A ideia por detrás dessa aproximação com pesos-pesados internacionais do setor de tecnologia é agrupar serviços de diversos fornecedores numa só plataforma.
Num universo de 26 milhões de CNPJs existentes no Brasil, as necessidades de telecomunicações e tecnologia da informação (TI) das pequenas e médias variam muito, geralmente tendo a conexão de banda larga fixa e a telefonia móvel como ponto de partida, esclarece a diretora-presidente da Claro Empresas. Isso não quer dizer que as PMEs estejam alheias às mudanças trazidas pela inteligência artificial (IA).
"Felizmente, as PMEs já nos questionam [sobre IA]. Principalmente porque temos muitas 'techs' e elas já nascem dentro desse universo", conta Godoi. As ferramentas disponíveis podem ser usadas - por exemplo - para agendamento automático de compromissos via plataforma de mensagem instantânea.
Antes de retornar à Claro no fim de 2024, Godoi liderou por quatro anos a unidade voltada a energias renováveis da Energisa, empresa que atua nos segmentos de geração, transmissão e distribuição de eletricidade. Anteriormente, trabalhou por 17 anos na Net, operadora de banda-larga, TV paga e telefonia fixa cuja marca foi incorporada pela Claro Brasil em 2019.
Valor
https://valor.globo.com/empresas/noticia/2025/10/13/claro-investe-em-nuvem-e-parcerias-para-atrair-pequena-e-media-empresa.ghtml