Por Rafaela Gama - Rio de Janeiro

O ato bolsonarista na Avenida Paulista neste domingo reuniu cerca de 42,2 mil pessoas, enquanto a maior manifestação organizada pela esquerda, também em São Paulo, teve a adesão de 8,8 mil apoiadores. As estimativas são do Monitor do debate político, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), coordenado por Pablo Ortellado e Márcio Moretto, da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a ONG More in Common.

Além de competirem em números, os atos também tiveram motes conflitantes. De um lado, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pressionaram pela aprovação da anistia pelo Congresso e criticaram o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Do outro, militantes convocados por lideranças de esquerda e centrais sindicais se colocaram contra o ex-mandatário e reafirmaram a defesa da soberania nacional, discurso adotado pelo presidente Lula (PT) contra o tarifaço imposto pelo presidente americano Donald Trump.

O primeiro ato do dia, na Praça da República, na capital paulista, teve a participação do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, além do presidente nacional do PT, Edinho Silva, e dos deputados federais Guilherme Boulos (PSOL) e Érika Hilton (PSOL). Uma manifestação similar aconteceu no centro do Rio, onde lideranças reuniram de 3 a 4 mil militantes.

Já à tarde, apoiadores do ex-presidente estiveram em um ato na Avenida Paulista, organizado pelo pastor Silas Malafaia. Na ocasião, estiveram presentes nomes como a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro e os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). O chefe do Executivo paulista, que intensificou ao longo da última semana a movimentação pela aprovação da anistia, também discursou durante a manifestação contra o ministro Moraes.

- Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como o Moraes, ninguém aguenta mais o que está acontecendo neste país. Será que a gente está vivendo um estado livre, democrático? Certamente não. É esse cenário que a gente tem que mudar - afirmou Tarcísio.

Mais cedo, apoiadores de Bolsonaro se reuniram na Praia de Copacabana, no Rio, em uma primeira manifestação, que teve a participação também de até 42 mil pessoas, de acordo com o monitor do Cebrap. No palanque, discursaram lideranças do PL, como o senador Flávio Bolsonaro (RJ), que defendeu a anistia "ampla, geral e irrestrita" e pressionou os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), pela aprovação da proposta.

- Presidentes Hugo Motta e Davi Alcolumbre, com todo o respeito que tenho pelos senhores, não existe anistia criminal, sem anistia eleitoral. Não cedam à pressão de Alexandre de Moraes, porque os senhores têm que entrar pela história como aqueles que pacificaram o Brasil - disse em seu discurso.

Além de Rio e SP, bolsonaristas se reuniram em outras 24 capitais, como Belo Horizonte, onde participaram lideranças como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). Já em Florianópolis (SC), estiveram presentes o governador Jorginho Mello (PL) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), que pleiteia uma vaga na disputa para o Senado pelo estado no ano que vem. O ato na capital catarinense, realizado na Avenida Beira-Mar, por sua vez, foi menor, reunindo cerca de 1,6 mil pessoas, segundo os cálculos do monitor. A ferramenta também calculou a adesão do público a atos em Goiânia (GO) e em Belém (PA), que tiveram 1,4 mil e 1,6 mil participantes, respectivamente.

O Globo
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